O tema do prazer ainda é considerado um grande tabu pela maioria dos cristãos.
Para os autores, Ana Márcia Guilhermina de Jesus e José Lisboa Moreira de Oliveira, a ideia de escrever uma obra sobre o assunto, nasceu depois da leitura de um livro de Dom Valfredo Tepe, já falecido, que foi franciscano, psicólogo e depois bispo de Ilhéus (BA).
Dom Tepe, falando do sofrimento, lembrou que não existia uma “teologia do prazer” e dirigiu o convite aos teólogos para que escrevessem algo. Com isso, a PAULUS lança Teologia do Prazer.
Embora a Bíblia judaico-cristã veja essa questão com otimismo, a influência maniqueísta, infiltrada nas comunidades cristãs primitivas, terminou por se impor, levando o cristianismo a ver o prazer com bastante pessimismo. De acordo com José Lisboa Moreira de Oliveira, a partir de Santo Agostinho, e com a influência do maniqueísmo, o prazer passou a ser visto como algo negativo e geralmente associado ao sexo e ao pecado. “O livro procura romper com essa ideia, afirmando a positividade do prazer, a partir da perspectiva bíblica”, explica.
A Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, fala do prazer, usando diversas linguagens e apresentando-o de diversos modos. A visão do prazer na Bíblia é positiva, pois é visto na perspectiva da criação divina, a qual é sempre muito boa e bonita. Porém, a Bíblia também aponta formas de prazeres que são consideradas nocivas e pecaminosas.
“São aqueles prazeres que levam à degradação e à exploração da pessoa humana. Geralmente a Bíblia associa o prazer nocivo, degradante, à riqueza. Os ricos, para manterem seus prazeres, exploram e humilham os mais pobres. Mas essa visão não inclui todas as formas de prazer. O prazer, em si, é muito bom e sadio, diz a Bíblia”, complementa o autor.
“Prazer divino” e prazeres humanos. Quais as diferenças? Nós fomos acostumados, a partir de ensinamentos e pregações da baixa Idade Média, à figura de um Deus sem prazer, carrancudo, irado, sempre castigando o ser humano por causa dos seus pecados. O livro tenta mostrar o contrário: que o Deus de Jesus é um Deus prazeroso, que, como o Pai da parábola narrada por Lucas, sente prazer enorme em acolher e perdoar o filho pródigo que volta. Assim, biblicamente falando, Deus também tem os seus prazeres.
O Deus dos cristãos, a Trindade Santa, é em si mesmo prazer eterno. As três divinas pessoas vivem desde toda eternidade o prazer de se amarem mutuamente e de eternamente se constituírem. Além disso, todas as ações de Deus (criação, redenção, santificação) são ações prazerosas. São prazeres divinos. A partir disso, o livro apresenta as diferentes formas de prazeres humanos que, de certa forma, têm a ver com os prazeres divinos.
Nesta obra, os autores insistem para que não se reduza o prazer ao prazer sexual. Além disso, todo o livro procura trabalhar a superação da ideia de associar o prazer ao pecado. O prazer, em si, é bom, é positivo, não é pecado. Associar prazer a pecado é absurdo e não condiz com a visão cristã.
Teologia do Prazer é destinado antes de tudo a todos os cristãos e a todas as cristãs de todas as Igrejas, sem exceção, uma vez que o tema abordado tem a ver com esse grande público. Mas pode ser lido também por outras pessoas que queiram ter uma visão positiva do prazer na perspectiva cristã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário