O presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil - Afrebras, Fernando Rodrigues de Bairros, que representa cerca de 150 pequenos e médios produtos em todo o Pais, defendeu, diante dos parlamentares, que as principais dificuldades da indústria nacional de refrigerantes são a tributação diferenciada entre os pequenos e grandes fabricantes e a inércia do Poder Público em estimular as empresas nacionais. O dirigente apresentou os dados durante Audiência Pública realizada ontem, 26, na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados.
“Atualmente, é proibido empreender no setor de bebidas do País. Não existe, em outros países, uma tributação tão equivocada e maléfica quanto à do setor de bebidas no Brasil”, observou. A tributação no setor considera a embalagem das bebidas e não o líquido produzido, ocasionando até 66% de diferença na incidência de tributos entre as embalagens pet, lata e vidro.
Foto: sxc.hu
Pequeno produtor é o maior prejudicado |
“A partir do momento em que há a sistemática de incentivo, qualificação de mão de obra, tributação justa e regulamentação que não bloqueie a distribuição, temos um setor ativo, onde vale a pena empreender”, afirmou Bairros. Para o dirigente, o aumento da competitividade promoverá a inovação dos procedimentos no setor e a oferta de produtos nacionais ao consumidor.
A coordenadora de Agronegócio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, Rita Milagres, sugeriu a criação de uma agenda estratégica com a participação da Afrebras, Ministério de Ciência e Tecnologia, BNDES e outros órgãos para promover o desenvolvimento e inovação do setor. “Temos um potencial espetacular de consumo de refrigerante no País e precisamos nos atentar ao crescimento deste mercado pujante”.
Para o deputado federal Guilherme Campos (PSD-SP), que propôs a Audiência, a questão principal é promover condições para que os pequenos produtores possam se desenvolver. “Da forma como está concebido o sistema tributário do setor, não há outro futuro a essas empresas de menor porte senão fechar”, ponderou.
A tributação também foi apontada como o principal obstáculo ao desenvolvimento da indústria pelo presidente da Associação Brasileira das Microcervejarias – ABM, Marcelo Carneiro da Rocha. “Acredito que uma verdadeira democracia se mede pelo tratamento que se dá ao menor. E qual o tratamento que estamos dando ao menor na indústria de bebidas no País? É um ponto a se refletir”, afirmou.
Nos próximos meses, a Afrebras realizará um intenso trabalho para ampliar o debate dos problemas do setor no Congresso, sendo que uma nova audiência deverá acontecer na Comissão de Finanças e Tributação com representantes do Ministério da Fazenda, ainda sem data definida. De acordo com Fernando Rodrigues de Bairros, um novo requerimento do deputado Zeca Dirceu (PT-PR) já foi aprovado para solicitar o debate da formação da base de cálculo de PIS e Cofins para o setor de bebidas, com representantes do Ministério e da Fundação Getúlio Vargas.
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