Taxas de juros dobram o preço do imóvel e a valorização não se reverte em caso de venda. Solução é aluguel, planejamento financeiro e adiar aquisição
Sonho assumido da maioria dos brasileiros, a casa própria recebeu em 2013 uma ferramenta facilitadora: o aumento do teto dos imóveis adquiridos via FGTS. O limite que era de R$ 500 mil passou a atender imóveis de até R$ 750 mil.
Além disso, o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis subiu 22% e alcançou R$8,2 bilhões em janeiro de 2014, o melhor resultado para o mês nos últimos 20 anos, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
O cenário colabora para ratificar a percepção cultural no Brasil que quem é bem-sucedido precisa comprar o quanto antes um imóvel próprio, o que colabora para que os jovens recém-casados - na casa dos 25 a 30 anos - já coloquem na pauta a compra da casa.
Mas será que a decisão é financeiramente inteligente? Vale mesmo a pena comprar uma casa? Ou vale a pena investir o dinheiro e morar de aluguel? Para o sócio da Soma Invest, Janser Rojo, comprar a casa própria imediatamente depois do casamento é uma decisão equivocada.
"Quando você é recém-casado, normalmente você não teve tempo suficiente de juntar um bom dinheiro para dar entrada em um imóvel. Dessa forma é preciso financiar a casa pelo prazo máximo e com a menor entrada possível. E é aí que mora o problema".
O cenário fica mais claro quando explicado por meio de cálculos. Imagine um apartamento que custa R$ 400 mil. Se o casal der uma entrada de 10% do valor, ou R$ 40 mil, terá de financiar R$ 360 mil e começará pagando uma parcela de R$ 3.592 mil pela tabela de amortização SAC.
Considerando a taxa de juros, após 30 anos, o total pago pelo imóvel será de R$ 876.858 mil. "Pelo valor pago no financiamento, é possível comprar dois imóveis pelo preço de um. E outro ponto, o casal que se juntou, agora tem que fazer o casamento dar certo por pelo menos 30 anos", ironiza Janser.
Para o especialista, esperar alguns anos após o casamento para comprar a casa própria é a melhor solução, uma vez que, com um patrimônio já formado, é possível pagar à vista ou pelo menos dar uma entrada de 50% do valor.
"Quando o casal começa morando de aluguel, o valor que eles irão pagar por mês é bem menor do que uma prestação. Se pegarmos como exemplo o apartamento de R$ 400 mil, o aluguel seria de R$ 2 mil reais ou 0,5% do valor do imóvel. O casal pode investir o dinheiro restante (no caso R$1.592), e depois de alguns anos, com os filhos já crescidos, comprar a casa", pontua.
Sobre a questão dos filhos, Janser explica ainda que a tendência é o casal mudar de casa com a chegada das crianças. Nessa situação, eles geralmente passam a divida do imóvel anterior para frente e assumem outra ainda maior.
"Quando os filhos já tiverem entre 10 e 15 anos, já não se espera mais o crescimento da família. O casal já tem em torno de 40 anos e um bom patrimônio formado. Esta é uma boa hora para comprar um imóvel à vista com o dinheiro investido ou pelo menos dando uma boa entrada (no mínimo 50% do valor). O valor das prestações seria nulo (na compra à vista) ou menor do que já estavam acostumados a pagar de aluguel. Mesmo financiando a casa, eles conseguiriam juntar e investir nessa situação. É muito importante que os casais se planejem financeiramente para o sonho não virar pesadelo", finaliza.
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