Juros elevados demandam negociação dura
Foto: sxc.hu
Até dezembro desse ano, pouco mais de R$ 143 bilhões devem ser injetados na economia brasileira em decorrência do 13º salário, representando aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
O montante deve beneficiar cerca de 82,3 milhões de brasileiros com um rendimento adicional médio de R$ 1.663,87. Além de ajudar nas compras de natal, o dinheiro extra também é muito usado para a quitação de dívidas, o que pode ser um equívoco, segundo Marcelo Maron, consultor de finanças pessoais, palestrante e Diretor do Grupo Par.
“Cada caso é um caso. Muitos consultores indicam o uso do 13º para a quitação de dívidas, mas essa generalização pode prejudicar os consumidores. Dependendo do estado das dívidas com cartão de crédito, a melhor alternativa pode ser, justamente, o oposto do que dizem esses especialistas”, explica Maron.
Para o consultor, se o consumidor já está com seu nome negativado junto a instituições de proteção ao crédito e a dívida cresceu espantosamente em função dos juros sobre juros praticados pelas administradoras de cartões, é um grave erro usar o dinheiro do 13º para quitá-la imediatamente. “Como os juros cobrados pelas administradoras de cartões são flagrantemente abusivos, as pessoas têm que endurecer a negociação”, alerta.
Calma para negociar
Ele conta que é muito comum que, com o passar do tempo, o “desconto” oferecido pelas administradoras de cartões para a quitação da dívida chegue a 90% do total, podendo ficar até mesmo abaixo do valor principal.
“Não estou incentivando as pessoas a não pagarem suas dívidas, mas é fato que o endividamento no cartão de crédito, turbinado por taxas de juros extorsivas, não deve ser aceito sem questionamentos”, explica.
Para o especialista, não é fácil ser devedor. As pressões psicológicas são muitas e os bancos e administradoras de cartões têm equipes de cobrança especializadas, que sabem como pressionar os devedores, muitas vezes para além do limite da legalidade.
“É comum ouvirmos relatos de pessoas que são ameaçadas de arresto de bens para penhora, mesmo que seja a sua única casa. O consumidor precisa saber que as coisas não funcionam assim. É preciso ignorar este tipo de ameaça e negociar com calma e frieza, sem nenhuma pressa. Se a pessoa se deixar intimidar, fatalmente fechará um péssimo negócio”, lembra Maron.
Melhor saída
O consultor aponta que o consumidor pode usar esse dinheiro extra para mudar o perfil de sua dívida, aumentando suas chances de livrar-se do débito de uma forma mais justa. A chave para isso seria buscar modalidades de empréstimos mais baratas. Um exemplo seria trocar a sua dívida de cartão, que pode correr a 10% ao mês, por um Crédito Direto de 3% ao mês, algo que seria muito bom para começar.
“Dificilmente alguém lhe dará um Crédito Direto com uma dívida ativa e nome negativado. Mas uma operação concomitante, onde você paga a dívida com seu 13o e pega o empréstimo mais barato na mesma ocasião, é bem mais viável. Você fica com uma dívida mais barata, limpa seu nome e ainda tem alguns recursos na mão, quem sabe para aproveitar o Natal mais tranquilo”, assinala.
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